domingo, 8 de abril de 2012

AS CARTAS ESPANHOLAS NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

Dois fatos destacam-se na história das cartas na segunda metade do século XIX: a aparição das duas ramas de fabricantes de sobrenome Fournier e a fixação de um estilo espanhol de cartas, que na atualidade é conhecido como "modelo castelhano". Bráulio e Heraclio Fournier eram netos de Francisco Fournier. Francisco saiu de sua cidade natal, Limoges, na França, e mudou-se a Burgos, onde se fixou e iniciou um próspero negócio de impressão. Desde 1860 e durante oito anos, os dois irmãos fabricavam cartas com o nome de Hermanos Fournier, até que, em 1868, Heraclio se mudou para Vitória e iniciou a edição de cartas com seu próprio nome, enquanto Bráulio continuava com seu trabalho em Burgos. As duas fábricas seguiram fabricando cartas até os dias de hoje (Naipes Fournier, em Vitória, e Hija de Bráulio Fournier, em Burnos). O primeiro baralho criado por Heraclio Fournier em 1868, após sua chegada a Vitória e quando tinha dezenove anos, acabou sendo premiado na Exposição de Paris do mesmo ano.
Alguns anos mais tarde, por volta de 1877, Heraclio Fournier iniciou -junto ao professor de arte Emilio Soubrier e um aprendiz de pintor chamado Ignacio Dias de Olano - uma série de desenhos de cartas, com o objetivo de criar uma que se convertesse no protótipo da carta espanhola. Seu interesse se centrava na eliminação do que a seu critério era um excesso de barroquismo que afetava as figuras.
A revisão dos desenhos realizada por Augusto Rius, em 1889, deu lugar ao protótipo do modelo espanhol de cartas representado atualmente pelo conhecido e clássico baralho nº 1 de Naipes Fournier. O êxito destas cartas foi demonstrado pela grande quantidade de imitações que surgiram com o tempo.


CARTAS COMAS E A HISPANO AMERICANA


Outras duas fábricas de cartas, Comas e Roura, destacaram-se na segunda metade do século XIX.
A primeira delas, pertencente à família Comas, de Barcelona, iniciou sua produção de cartas a finais do século XVIII (1797) e segue em funcionamento até hoje, sendo a indústria de cartas ativa mais antiga da Europa. No período compreendido entre 1845 e 1892, a fábrica de cartas Comas teve um grande impulso industrial que a converteu numa das grandes fabricantes de cartas, tanto para o consumo como para a exportação ultramarina. Por sua parte, Juan Roura Presas fundou em Barcelona a fábrica de cartas Hispano Americana, que seu filho e seu neto continuariam até seu fechamento em 1969, data em que se transpassaram os jogos e as marcas a Heraclio Fournier de Vitória. A Hispano Americana dedicou-se à fabricação de cartas para o mercado espanhol e de ultramar (Cuba, Porto Rico, Argentina, Filipinas); para este último se criaram marcas específicas, como por exemplo La Loba, exclusiva para a exportação a Filipinas.
A segunda metade do século XIX também significou o desaparecimento da tradicional oficina artesã de fabricação de cartas e a criação de indústrias modernas, com fábrica mecanizadas, movidas a vapor, inicialmente, e, depois, a eletricidade. Assim, fabricantes de cartas como Alejo Gabarró, Wenceslao Guarro e Torras e Lleó se uniram, com o fim de melhorar sua produção, com o nome de Fabricantes de Cartas Espanholas. Comercializaram várias marcas de cartas, entre as que se encontrava a popular El Tigre.



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