sábado, 7 de abril de 2012

AS PRIMEIRAS CARTAS NO NOVO MUNDO

As cartas chegaram à América pelo Atlântico entre os objetos que os marinheiros e soldados levaram para se entreter nas longas horas que durava a travessia. Contudo, eram poucas as cartas que conseguiram chegar em boas condições ao Novo Mundo. A umidade do mar e o uso praticamente constante das cartas eram fatores de deterioração do papel, que era de baixa qualidade, e os desenhos acabavam borrados, fazendo com que as cartas ficassem inutilizadas depois de algum tempo. Outra explicação, um pouco mais lendária, atribui ao temor causado pelas tormentas em alto mar o fato de que os baralhos embarcados nos portos espanhóis não chegassem à América. Segundo essa lenda, os marinheiros atiravam as cartas no mar durante a tormenta na tentativa de acalmar a cólera dos deuses. De qualquer maneira, logo depois começaram a surgir cartas fabricadas com outros materiais, como o couro, que eram muito mais resistentes. Este interesse pelo jogo demonstra uma curiosa revelação, principalmente porque na maioria dos casos tratavam-se de homens que se entregavam por completo em cada uma das suas ações. O prazer e a emoção que as cartas e os jogos de apostas traziam aos descobridores da América eram muito grandes. Um bom exemplo de sua influência entre os habitantes do Novo Mundo é mostrado por Bernal Díaz del  Castillo, que escreveu uma crônica, relatando a excitação demonstrada pelo caudilho azteca Moctezuma quando viu as cartas utilizadas pelos espanhóis.
A primeira licença real para o estabelecimento de uma fábrica de cartas no México foi concedida em 1576. Esta fábrica foi construída para satisfazer a crescente demanda dos colonos. A licença foi concedida à Hernando de Cáceres, mas, pelo que parece, não agradou a coroa, pois no dia 4 de maio de 1583 foi assinado em Aranjuez um contrato com 23 capítulos no qual se concedia "o monopólio a favor de Alonso Martínez de Orteguilla para a fabricação e distribuição de cartas na Nova Espanha (México, Nicarágua, Nova Galícia, Guatemala, Yucatán, Honduras, Campeche, Nova Vizcaya, Soconusco e Chiapa)".


AS CARTAS APACHES


Os conquistadores espanhóis que se aventuraram em direção ao norte do México depararam-se com as tribos apaches que viviam na região atualmente ocupada pelos estados norte-americanos de Arizona, Novo México e Texas. Antes da chegada dos espanhóis, os índios norte-americanos já fabricavam e utilizavam curiosas cartas. Eram muito similares às do Extremo Oriente, em especial as cartas coreanas e consistiam em pequenas tábuas compridas, algumas adornadas com penas e outras com símbolos das quatro direções. Entretanto, os apaches se sentiram fascinados pelas cartas dos espanhóis e pelo jogo praticado por eles: o monte, uma variante do farol. Durante vários séculos, continuou-se jogando nas terras do norte de México que, desde o início do século XIX, passaram a se integrar nos Estados Unidos. seguindo os modelos espanhóis, os apaches criaram seus próprios jogos de cartas sobre couro (o mais utilizado foi o de cordeiro), pois não sabiam fabricar papel e tampouco dispunham dele. Os índios denominaram os naipes como "copas", "escudos" (e não ouros), "espadas" e "bastões" ou "naipes"; também usaram as palavras "rei" e "sota" para estas duas cartas, enquanto que para o cavalo usaram seu próprio termo, jliv.


AS CARTAS NAS COLÔNIAS AMERICANAS DO NORTE


Apesar das frequentes proibições oficiais do jogo, as cartas eram objetos de uso habitual nas regiões da América submetidas à coroa espanhola. Entretanto, para os colonos que procediam do norte da Europa -principalmente os peregrinos ingleses que fundaram as primeiras colônias norte-americanas- as cartas e o jogo eram sinônimos de pecado e  não constituíam de nenhuma maneira parte de sua vida cotidiana. Contudo, conforme foi crescendo a população da América do Norte, as normas e os costumes foram se tornando mais flexíveis. No século XVIII, os comerciantes ingleses já importavam cartas da metrópole e desde então as cartas foram chegando periodicamente às novas colônias.



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