sábado, 12 de maio de 2012

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A Primeira Guerra Mundial - ou Grande Guerra, como ficou conhecida até a eclosão da Segunda - ofereceu grandes oportunidades para a indústria de baralhos mostrar seus fervores patrióticos.
Geralmente, os baralhos produzidos tanto de um lado (a Tríplice Aliança) como de outro (Os aliados) incluíam nas figuras retratos dos chefes de estado e dos principais generais envolvidos na guerra e, nas demais cartas, cenas bélicas. A fábrica Piatnik Und Sohne de Viena (fundada em meados do século XIX e atualmente uma das mais importantes do continente) editou um tarô em que os trunfos eram cenas de guerra. No Canadá, a Montreal Litograph Co. editou um baralho que incluía, na cara da carta, reis, generais e soldados das forças aliadas e no seu verso, as bandeiras de seis países. Também De La Rue e Goodall & Sons, na Grã-Bretanha, editaram baralhos sobre a guerra. Não aconteceu o mesmo na França, devido a uma imposição legal que impedia a variação nas cartas, em respeito aos padrões nacionais estabelecidos, mas, sim, se editaram jogos de cartas infantis patrióticos, já que estes não estavam sujeitos à mesma imposição. Nos Estados Unidos, em 1915, 1917 e 1918, editaram-se baralhos "apaixonadamente democráticos", onde se denegriam as monarquias e vangloriavam a democracia. Por outro lado, a U.S. Playing Card Company, no último ano da guerra, editou um baralho educativo com frases em francês e inglês em cada carta, com instruções sobre a pronúncia, para o uso das tropas americanas acantonadas na Europa. Um dos baralhos patrióticos mais destacados por sua qualidade, entre os editados em plena guerra, é o editado em 1916 pela Spielkarte de Altenburg. É um baralho de símbolos alemães dedicado a elevar o ânimo e afirmar o poderio do povo germânico, no qual não se inclui menção alguma sobre os inimigos. Os quatro reis são os quatro homens da família imperial: o Kaiser, os príncipes Wilhelm e Rupprecht, e o duque Albrecht. Nas outras figuras (obers e unters, todos os homens) aparecem personagens de destaque da empresa bélica germânica, como o marechal Von Hindenburg ou o conde de Zeppelin. As cartas numeradas mostram os símbolos alemães tradicionais, corações, folhas, belotas e guizos (apesar de que estes últimos estão desenhados de modo a lembrarem os balões aeroestáticos de observação), pintados sobre cenas alegóricas da Grande Guerra, como um vôo sobre a Sena ou alguns navios disparando contra a costa da Inglaterra.
Ainda que outros baralhos tivessem sido editados no final da guerra, foram os aliados que o fizeram em celebração da vitória. Os belgas, que tanto sofreram durante a guerra, editaram um baralho duplo, o mais destacado deste tipo, tanto pela rapidez com o que fizeram como também por sua qualidade e desenho. Os dois baralhos são complementares, já que em um único não caberiam todos os personagens que os belgas desejavam homenagear e nem todos os feitos que pretendiam comemorar. Assim, as cartas numeradas estavam divididas em duas metades e em cada uma delas era representada uma cena diferente, pois o número total das cenas é superior à 150 (cada baralho possuía 54 cartas, incluindo os dois curingas). Nelas se reproduziam miniaturas que mostravam batalhas e outros episódios da guerra, como o uniforme dos soldados, as armas, os veículos e todo tipo de detalhes, o que atualmente constitui uma notável fonte de informação gráfica sobre aqueles acontecimentos. Em um dos baralhos, os reis são Jorge V da Grã-Bretanha, Victor Emmanuel III da Itália e dois presidentes, Poincaré, da França, e Wilson, dos Estados Unidos. No outro baralho estão Alberto I da Bélgica; o imperador Yoshi-Hito, do Japão; Alejandro I da Sérvia e Fernando I da Romênia.
As damas são, no primeiro baralho, as esposas dos reis, as rainha Mary da Grã-Bretanha e Helena da Itália, assim como duas figuras alegóricas, Mariana da França e Miss Liberty dos Estados Unidos.
No segundo baralho aparecem as esposas dos monarcas da Bélgica, Romênia e Japão, junto a uma figura alegórica da Sérvia. Os valetes lembram os grandes chefes militares: Jofre, Foch, Haig e Cadorna, no primeiro; Pétain, Pershing, Leman e Kitchener, no segundo.



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